No meio evangélico há um mau entendimento na definição do "é de fato um profeta?" e essa expressão já está até certo ponto desgastada por conta do seu uso indevido, pois a maior parte dos evangélicos entendem como profeta alguém que traz revelações ou que vai falar sobre eventos futuros como uma espécie de adivinho moderno, mas o que a bíblia nos diz ou melhor o que ela define como profeta?
É bom lembrar que houve vários profetas mencionados na bíblia, uns deixaram escritos outros tiveram
apenas seus nomes e feitos registrados nas escrituras e que sua área de atuação
foi bem diversa, uns atuando como conselheiros de reis, portadores da revelação
de Deus (entende-se por revelação de
Deus o falar inspirado por Ele) e até mesmo críticos sociais.
Geralmente o campo de
atuação dos profetas da bíblia eram três; contexto social, político e religioso
eles estavam presentes em todas camadas sociais e vários deles atuaram no mesmo
período histórico. Esses confrontavam as elites da sociedade, reis e mesmo a
população em geral chamando todos ao arrependimento. Uma coisa que fica clara
nas escrituras é que a principal forma de proclamação dos profetas do antigo
testamento era a denúncia.
Denunciavam o rei que fazia
alianças militares com nações pagãs em vez de confiar em Yahweh (o caso do rei Josias), denunciavam os ricos que oprimiam os
necessitados (Profeta Amós) e
denunciavam a idolatria generalizada da nação (Oseias e Jeremias) e é interessante ressaltar que esses mesmos
profetas não limitavam sua mensagem a um teor somente religioso, mas
compreendiam melhor do que nós hoje que todos as esferas de nossa vida
cotidiana devem glorificar a Deus, que devemos ser fiéis em tudo; caso contrário
não somos fiéis em nada.
Não falavam sob efeito de êxtase
religioso (estado de semiconsciência), mas tinham plena consciência do estavam
fazendo. O profeta antes de mais nada é alguém que fala ao presente em nome de
Deus e em tom de denúncia, e que eventualmente poderia trazer uma predição do
futuro revelado por Deus.
Definição
dos termos para profeta encontrados na bíblia:
Ro’eh
e Hozeh (Vidente)
Os termos ro’eh e hozeh são intercambiáveis; ambos têm o sentido de vidente. O termo
hebraico hozeh significa aquele que
vê, e relaciona-se com hazon, visão
(Is 1.1). 1Sm 9.9 parece indicar que nabi
e hozeh significavam algo diferente
no passado, mas depois se tornaram sinônimos. 1Cr 29.29 utiliza as três palavras
analisadas anteriormente, nabi, roeh e
hozeh.
Para muitos estudiosos a
vidência seria um dos tipos da profecia, tendo o vidente como figura
preponderante, de acordo com exemplos arábicos. O vidente corresponderia, pois,
ao termo árabe kahin. A esse
fenômeno assemelhavam-se os nômades patriarcas e Balaão (Nm 22-24).
O termo ro’eh vidente designa alguém que vê. Assim, o profeta podia
penetrar o futuro e revelá-lo (Dt 18.21-22). São carismáticos, e podem também
ser chamados de homem de Deus (Moisés e Samuel Dt 33.1; 1 Sm 9.1-10,16). 9 Um
dos usos dessa palavra está em Amós 7.12 onde Amazias chama Amós de ro’eh: Vai-te, ó vidente (ro’eh), foge para a terra de Judá, e
ali come o teu pão, e ali profetiza.
Nabi
(Profeta)
Nabi
pode ser aplicado aos vários grupos e indivíduos. O termo provavelmente
relacionava-se com o acádico nabû chamar,
anunciar, nomear, mas não se sabe se tem sentido ativo ou passivo. Se
considerarmos que o hebraico exprime a ação de profetizar no passivo, teremos
que sugerir que o nabi sofria a ação
que Deus lhe impunha, e consequentemente, a ação profética não dependia da
iniciativa humana, mas somente da ação divina.
Assim,
etimologicamente, nabi significaria chamado, convocado para uma missão
concreta.
Então podemos entender que nabi é um ro’eh. É o caso de Amós, chamado de ro’eh (Am7.12). Ele é alguém que vê (lembre-se: esse é o
significado de ro’eh), uma
referência às suas visões (Am 7 9). Mas ele é um nabi, alguém que profetiza/proclama a Palavra de Deus (Am 7.15).
Obadias teve uma visão (hazon) sobre
Edom (Ob 1.1). Miquéias também é aquele que vê (Mq 1.1), e da mesma forma Naum
(Na 1.1), Habacuque (1.1) e Isaías (Is 1.1).
Os profetas, portanto, foram
anunciadores da Palavra de Deus, porque viram o desenrolar da história de uma
maneira profunda. Eles souberam ler a história porque foram chamados pelo Deus
da história. Profeta é o homem que vê para onde a história vai.
Ish
ha-Elohim (Homem de Deus)
Um outro título profético é ish ha-Elohim homem de Deus. Este título
refere-se a alguém que opera milagres mediante uma íntima relação com Javé (1Rs
17, 18; 13.1,11; 20.28; 2Rs 1.9-18; 4.7; Jz 13.6.8; 2Cr 25.7,9).15 Mas é bom
notarmos que não é um título auto apregoado a si mesmo de forma triunfal. Era um
reconhecimento que os outros faziam do profeta. O termo aparece 76 vezes no
Antigo Testamento e quase na metade das vezes é aplicado a Eliseu. O ish Elohim é mostrado como uma pessoa
de confiança de Deus e as pessoas veem isso na sua vida.
Beney
ha-nebi’im (Filhos dos profetas)
Com Eliseu parece surgir na
profecia a relação mestre-discípulo. Os Beney
ha-nebi’im, filhos dos profetas, estão assentados diante de Eliseu (2Rs
4.38; 6.1; cf.2.15). Esses discípulos de profetas parecem viver temporariamente
juntos: reúnem se num lugar modestamente mobiliado, tomam refeições em conjunto
e talvez de distingam através de um sinal na cabeça (1Rs 20.41; 2Rs 2.23).
Distinguindo
o verdadeiro do falso profeta
O verdadeiro profeta
anunciava a ruína do poder estatal e religioso, devido ao detrimento moral e
espiritual desses (Jr 7; 27-28; cf. 1Rs 22). Os verdadeiros profetas não
estavam comprometidos com a política estatal, mas com a Palavra de Deus. Por
isso, considerando o fato de que o Reino do sul (Judá) e o Reino do Norte (Israel)
abandonaram os princípios do verdadeiro Deus, os profetas anunciaram sem
reservas a destruição desses estados por inimigos, principalmente pela Assíria
e Babilônia. Basta lermos os textos proféticos e perceberemos isso.
O verdadeiro profeta era a boca
de Deus, e falava somente aquilo que Deus ordenava (Dt. 18.18-20; cf. 1Rs
17.24; 22.28).
O verdadeiro profeta era
avaliado por sua lealdade à Lei (Dt 13.2-6).
Fonte: Revista Theos . Revista de Reflexão Teológica da Faculdade Teológica Batista de Campina. Campinas: 5ª Edição, V.4 - Nº1 - Junho de 2008. ISSN: 1908-0215.
Dicionário VINE, O significado exegético e expositivo das palavras do antigo e novo testamento. W.E. VINE, Merril F. Unger 7° edição
Fonte: Revista Theos . Revista de Reflexão Teológica da Faculdade Teológica Batista de Campina. Campinas: 5ª Edição, V.4 - Nº1 - Junho de 2008. ISSN: 1908-0215.
Dicionário VINE, O significado exegético e expositivo das palavras do antigo e novo testamento. W.E. VINE, Merril F. Unger 7° edição
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