segunda-feira, 24 de abril de 2017

Decálogo



Ex.20 1-17


Os dez mandamentos ou as dez palavras são os estatutos perpétuos de Deus para o seu povo, são o Seu parâmetro de conduta e moral e não foram abolidos por Cristo, então por que ignoramos tanto? porque são tão importantes para o povo de Deus?

A Lei não foi dada como meio de salvação. Foi dada a um povo já salvo (19:4; 20:2) a fim de instruí-lo na vontade do Senhor, para que pudesse realizar o propósito de Deus como "um reino de sacerdotes e uma nação santa" (19:6). A revelação foi dada "não para dar, mas para orientar a vida" (Patrick Fairbaim, The Typology of Scripture, pág. 274).

Os mandamentos foram criados com a função de conduzir a recém criada nação de Israel em uma vida de santidade prática. As ordenanças tinham em vista orientar e direcionar a comunidade a atender ás necessidades de cada indivíduo, de maneira amorosa e responsável. Já na época de Jesus as pessoas viam as Leis como uma forma de barganhar com Deus, obediência em troca de prosperidade. As Leis se tornaram um fim em si mesmo.

Os mandamentos são um meio para cumprir a suprema lei de Deus que é o amor! Toda Lei é baseada no amor a Deus e ao Próximo, quando Jesus foi questionado sobre o maior mandamento Ele sintetizou os dez em dois que são amar a Deus acima de todas as coisas e próximo como a ti mesmo. (Mt.22.37/Rm 13.8-9/Gl. 5.14)

No novo testamento eles são ratificados como expressões autenticas da santa vontade de Deus, e são obrigatórias a todo cristão e é bom lembrar que deve-se observar todos os mandamentos e não um ou outro. Além disso guarda-los não são apenas uma questão de práticas externas mas de uma atitude que vem do coração. (Dt. 6.5)
Então vamos a partir de agora examinar cada um dos dez mandamentos.

Parte 1 relacionamento do homem para com Deus

1°) Primeiro mandamento: o único Deus requer adoração exclusiva

"Não terás outros deuses além de mim.”
Êxodo 20:3

Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’".
Mateus 4:10

Hoje podemos permitir que muitas coisas se tornem nossos ídolos, quando nos concentramos excessivamente nelas em busca de identidade pessoal, significado de vida e segurança. Ninguém conscientemente intenciona adorar essas coisas, mas a partir do momento que essas mesmas coisas consomem todo nosso tempo e pensamento eles nos controlarão, deixe que Deus ocupe o lugar central de sua vida.

2°) Segundo mandamento: a condenação da idolatria

"Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra.”
Êxodo 20:4

"Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro".
Lucas 16:13

Esse mandamento previne a feitura de qualquer imagem com o intuito de adoração ou auxilio espiritual, tudo que sabemos ou pensamos de Deus deve estar relacionado ao que temos revelado nas escrituras, qualquer imagem representativa de Deus que é transcendental, é uma afronta a sua glória.

3°) Terceiro mandamento: a santidade do nome de Deus é inviolável

"Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão.”
Êxodo 20:7

“Mas eu lhes digo: Não jurem de forma alguma: nem pelo céu, porque é o trono de Deus;”
Mateus 5:34

O Nome de Deus deve ser objeto do mais absoluto respeito, usar o Nome de Deus de forma leviana como em gracejos, pronuncia-lo de forma hipócrita ou em maldições transgride a Lei de Deus. Hoje em dia é fácil não atentarmos para essa verdade, devemos lembrar que um nome é a definição de uma pessoa e o resumo do que pensamos a respeito dela, quando usamos o Nome de Deus em vão estamos esquecendo da seriedade que devemos ter diante de Deus. O nome de Deus também pode ser profanado por mal testemunho.

4°) Quarto mandamento: o memorial da criação e do criador

"Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo.”
Êxodo 20:8

E então lhes disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado".
Marcos 2:27,28

Antes de qualquer consideração a respeito da necessidade ou não da guarda do sábado devemos entender o princípio que Deus quer nos ensinar através desse mandamento, sabemos que por causa da nossa ganancia desenfreada é bem possível que trabalhássemos sem interrupção, mas Deus em sua sabedoria proveu para o seu povo um dia especial para  descanso e adoração, um dia dedicado a Deus e o ensinamento passado aqui é que devemos sempre separar um período especifico para adoração e meditação das sagradas escrituras. Assim como da necessidade que temos de interromper o labor diário para repor nossas energias.

Parte 2 relacionamento do homem para com o próximo

5°) Quinto mandamento: honra devida aos pais
"Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu Deus te dá.”
Êxodo 20:12

"Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;
Mateus 10:37

Esses mandamento abrange todos os devidos atos de bondade, ajuda material, respeito e obediência aos pais. Abrange também agressão moral e física.

6°) Sexto mandamento: o respeito e a preservação da vida humana

"Não matarás.
Êxodo 20:13

“Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno.”
Mateus 5:22

“Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo.”
1 João 3:15

Este mandamento proíbe o homicídio deliberado, intencional e ilícito e no novo testamento esse mandamento é endossado também com o ódio que leva a pessoa a desejar a morte do outro e o mata no seu coração ou qualquer ação maléfica que leva a morte espiritual também.

7°) Sétimo mandamento: fidelidade conjugal exigida

"Não adulterarás.”
Êxodo 20:14

“Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.”
Mateus 5:28

O adultério acaba por ser um dos pecados com a mais grave consequência, pois além de atingir o infrator acaba afetando também seu cônjuge e por vezes carrega consequências permanentes na vida do casal. (Pv 6.32.33/1 Tm 3.2)

8°) Oitavo mandamento: o direito de propriedade preservada

"Não furtarás.
Êxodo 20:15

E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa.
Mateus 5:40

Este mandamento proíbe qualquer tipo de furto, desonestidade, ou corrupção. Todo ato que culmine no prejuízo ao próximo e seu patrimônio é um ato condenado por Deus.

9°) Nono mandamento: a falsidade condenada

"Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
Êxodo 20:16

Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado.
Mateus 12:36

O falso testemunho, fofocas ou mesmo palavras ofensivas e levianas proferidas contra o próximo são duramente repreendidas nas escrituras. Devemos sempre ter respeito pelo nome e pela reputação das pessoas, não se deve fazer declarações sem fundamento sobre atos ou a reputação do outro. Devemos falar de modo justo e honesto a respeito de quem quer que seja. (Mt.12.34)

10°) Décimo mandamento: guardar o coração da cobiça

"Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença".
Êxodo 20:17

Então lhes disse: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens".
Lucas 12:15

Cobiçar é desejar o que o outro tem. Vai muito além do simples admirar, a cobiça inclui a inveja que é o ressentimento pelo fato de outro possuir algo que não temos. Devemos lembrar que possuir coisas não nos faz feliz por completo antes estaremos plenamente felizes em Deus que nos supre com aquilo que realmente precisamos. Sempre ore a Deus para que ele possa direcionar seus desejos de acordo como a vontade dele.

Concluindo

O decálogo funciona para nós como um professor(Gl.3.24-25) mandado da parte de Deus para nos apontar o caminho certo a seguir, ele portanto não deve sei visto como um fardo, mas como um gracioso instrumento de Deus para nos conduzir no caminho correto, ao olhar para o decálogo devemos ter em mente quão alto é o padrão de Deus e que não podemos alcança-lo com nossos méritos mas através do novo nascimento e da obra santificadora do Espirito Santo em nós, possamos assim como o salmista Davi no salmo 119 (que por sinal é o maior capitulo da bíblia) louvarmos a Deus por sua lei perfeita e nos alegrarmos nela.

“Somente seja forte e muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe ordenou; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja bem sucedido por onde quer que andar.”
Josué 1:7

Roda de leitura

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O que significa ser um cristão?



Tg 1.19-27

Nós vivemos em uma cultura onde o ser cristão está vazio de significado, muitos professam ser “evangélicos” por modinha que  rebaixam a uma simples ideologia ou onde a indústria nos vê como mais um seguimento da sociedade a ser conquistado e cada vez mais nos distanciamos do verdadeiro significado de ser seguidor de Cristo. Mas em meio a tantas definições tais como sou “evangélico” ou sou “crente” ou ainda “gospel” ou “protestante”, o que de fato nos define como cristãos?
Será que são nossas roupas? Nossa maneira de falar? Nossa maneira de agir? é ir para igreja? Carregar uma bíblia? Diante da crise de identidade que vemos por todo lado o que nós podemos fazer para mostrar ao mundo identidade cristã autentica?

O que não nos leva a ser cristão?

Se dizer evangélico não faz de você um cristão, professar sua em Cristo não te faz cristão. Não beber, não fumar, não jogar, não roubar, não ser promiscuo ou ir à igreja não te torna cristão, muito menos ser crente, pois eu posso acreditar, mas não obedecer, acreditar e não segui-lo.

Tg.1.22

O que de fato faz você ser um cristão é o seu amor a Cristo e sua devoção a Ele. Um amor que nos move que nos conduz a reproduzirmos os mesmos comportamentos de Cristo é ter a mente de Cristo!
1 Co. 2.16

A palavra cristão significa pequeno Cristo.

Ser cristão neste contexto é acreditar nas palavras de Cristo e leva-las a sério é vive-las e praticá-las. É claro que ser cristão implica em evitar certos hábitos como os citados acima, mas vale lembrar que eles são a consequência não o que nos define.
Você não mente, não se comporta de modo indecente, não fala de maneira leviana, não se veste de modo escandaloso, não se embriaga, não é promiscuo porque sua vida foi transformada por Cristo! todos estes atos são a consequência de uma vida que foi mudada e não a causa. Ser cristão é dar frutos! Ser cristão é não se conformar com o mundo, mas transformá-lo pelo seu comportamento e pensamento.

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12:2

Ser cristão é ser transformado a cada dia para nos tornarmos mais parecidos com ele!

Isso significa que:

Temos plena comunhão com Ele (Rm 8.16).
Damos adeus à forma leviana de pensar, própria do mundo (Fp 4.8).
Renunciamos ao domínio da velha natureza (2 Co 5.17).
Amar a Deus acima de todas as coisas e obedecê-lo ( At 15.28,29)
Viver em humildade (Mt 11.29)
Fazer a Vontade de Deus (Rm 12.2)
Ser a luz do mundo (Mt 5.14,16).

É pensar como Jesus pensava, Jesus pensava só na Palavra, Ele vivia, pensava e agia de acordo com a Palavra de Deus.
Ser cristão é ter um propósito bem definido em nossas vidas que é de amar e glorificar a Deus com nossas vidas e através de nossa pregação e testemunho mostrar ao mundo o poder regenerador do Espirito Santo.

Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.

Romanos 14:8

terça-feira, 11 de abril de 2017

Dons Espirituais




1° Co 12.8-11/ Rm 12.3-8/ Ef 4.10-12

Dom (gr. charismata)

Os dons espirituais são uma realidade e uma necessidade na igreja, mas apesar ouvirmos falar muito conhecemos tão pouco sobre o assunto, o que é um dom espiritual? eles estão disponíveis a todo cristão? podemos ter mais de um? e qual é o seu verdadeiro propósito?

No novo testamento o dom espiritual tem o sentido de um presente, dádiva, donativo, faculdade, privilégio adquirido por um modo sobrenatural. 
Os dons espirituais dados a cada pessoa pelo Espirito Santo são habilidades especiais que devem ser usadas para ministrar sobre as necessidades do corpo de crentes, ou seja, seu propósito é a edificação da igreja.

São dados somente pelo Espirito Santo e somente aqueles que nasceram de novo, ou seja só pode receber dons espirituais aquele que foi regenerado pelo Espirito Santo e que se tornou uma nova criatura (1 Co 5.17).
Os dons não são demonstração de poder ou para alimentar o ego, uma pessoa pode sim receber mais de um dom, mas isso não quer dizer que esta pessoa seja mais espiritual que a outra.
Romanos 12:3-8 nos dá uma lista de dons espirituais: profecia, ministério de servir (em um sentido geral), ensinar, exortar, generosidade, liderança e mostrando misericórdia. 
1 Coríntios 12:8-11 faz uma lista dos dons como sendo a palavra da sabedoria (habilidade de comunicar sabedoria espiritual), a palavra do conhecimento (habilidade de comunicar verdade prática), fé (confiança incomum em Deus), operações de milagres, profecia, discernimento de espíritos, línguas (habilidade de falar em uma língua que tal pessoa nunca estudou) e interpretação das línguas. 
A terceira lista é encontrada em Efésios 4:10-12, que fala de Deus dando à Sua igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. 

Talento

Habilidade, aptidão
Uma pessoa (independentemente de sua crença em Deus e Cristo) recebe talento natural ou inato (alguns têm a habilidade natural para música, arte ou matemática) ou do ambiente e pelo treino (crescendo em uma família musical vai ajudar o desenvolvimento do talento em música), ou simplesmente porque Deus quis favorecer certas pessoas com certos talentos (por exemplo, Bezalel em Êxodo 31:1-6).
Enquanto o que frequentemente acontece é que alguém desenvolve seus talentos e ao ser transformado direciona essas aptidões para causa de Cristo.
Todos são chamados e equipados para serem envolvidos no "desempenho do seu serviço" (Efésios 4:12). Todos são dotados para que possam contribuir à causa de Cristo como uma forma de mostrar gratidão por tudo o que Ele tem feito. Ao fazerem isso, também acharão satisfação na vida através do seu trabalho para Cristo.

Para resumir as diferenças entre dons espirituais e talentos:

1) Um talento é um resultado da pré-disposição ou treinamento, enquanto que um dom espiritual é o resultado do poder do Espírito Santo.

2) Qualquer pessoa, cristã ou não, pode possuir um talento enquanto que apenas os cristãos possuem dons espirituais.

3) Embora ambos os talentos e dons espirituais devam ser usados para a glória de Deus e para ministrar uns aos outros, os dons espirituais se focalizam nesses serviços apenas, enquanto que os talentos podem ser usados para objetivos completamente não espirituais.


quarta-feira, 5 de abril de 2017

Profetismo bíblico no Antigo Testamento


No meio evangélico há um mau entendimento na definição do "é de fato um profeta?" e essa expressão já está até certo ponto desgastada por conta do seu uso indevido, pois a maior parte dos evangélicos entendem como profeta alguém que traz revelações ou que vai falar sobre eventos futuros como uma espécie de adivinho moderno, mas o que a bíblia nos diz ou melhor o que ela define como profeta?
É bom lembrar que houve vários profetas mencionados na bíblia, uns deixaram escritos outros tiveram apenas seus nomes e feitos registrados nas escrituras e que sua área de atuação foi bem diversa, uns atuando como conselheiros de reis, portadores da revelação de Deus (entende-se por revelação de Deus o falar inspirado por Ele) e até mesmo críticos sociais.

Geralmente o campo de atuação dos profetas da bíblia eram três; contexto social, político e religioso eles estavam presentes em todas camadas sociais e vários deles atuaram no mesmo período histórico. Esses confrontavam as elites da sociedade, reis e mesmo a população em geral chamando todos ao arrependimento. Uma coisa que fica clara nas escrituras é que a principal forma de proclamação dos profetas do antigo testamento era a denúncia.

Denunciavam o rei que fazia alianças militares com nações pagãs em vez de confiar em Yahweh (o caso do rei Josias), denunciavam os ricos que oprimiam os necessitados (Profeta Amós) e denunciavam a idolatria generalizada da nação (Oseias e Jeremias) e é interessante ressaltar que esses mesmos profetas não limitavam sua mensagem a um teor somente religioso, mas compreendiam melhor do que nós hoje que todos as esferas de nossa vida cotidiana devem glorificar a Deus, que devemos ser fiéis em tudo; caso contrário não somos fiéis em nada.

Não falavam sob efeito de êxtase religioso (estado de semiconsciência), mas tinham plena consciência do estavam fazendo. O profeta antes de mais nada é alguém que fala ao presente em nome de Deus e em tom de denúncia, e que eventualmente poderia trazer uma predição do futuro revelado por Deus.

Definição dos termos para profeta encontrados na bíblia:

Em 1Sm 9.6-11 leem-se três termos: ish-elohim homem de Deus (v.6-10), ro-eh vidente e nabî profeta (v.11). Em 1Cr 29.29 usam-se três títulos: ro-eh, nabi e hozeh. Analisaremos cada um desses termos.
Ro’eh e Hozeh (Vidente)
Os termos ro’eh e hozeh são intercambiáveis; ambos têm o sentido de vidente. O termo hebraico hozeh significa aquele que vê, e relaciona-se com hazon, visão (Is 1.1). 1Sm 9.9 parece indicar que nabi e hozeh significavam algo diferente no passado, mas depois se tornaram sinônimos. 1Cr 29.29 utiliza as três palavras analisadas anteriormente, nabi, roeh e hozeh.

Para muitos estudiosos a vidência seria um dos tipos da profecia, tendo o vidente como figura preponderante, de acordo com exemplos arábicos. O vidente corresponderia, pois, ao termo árabe kahin. A esse fenômeno assemelhavam-se os nômades patriarcas e Balaão (Nm 22-24).

O termo ro’eh vidente designa alguém que vê. Assim, o profeta podia penetrar o futuro e revelá-lo (Dt 18.21-22). São carismáticos, e podem também ser chamados de homem de Deus (Moisés e Samuel Dt 33.1; 1 Sm 9.1-10,16). 9 Um dos usos dessa palavra está em Amós 7.12 onde Amazias chama Amós de ro’eh: Vai-te, ó vidente (ro’eh), foge para a terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali profetiza.

Nabi (Profeta)

Nabi pode ser aplicado aos vários grupos e indivíduos. O termo provavelmente relacionava-se com o acádico nabû chamar, anunciar, nomear, mas não se sabe se tem sentido ativo ou passivo. Se considerarmos que o hebraico exprime a ação de profetizar no passivo, teremos que sugerir que o nabi sofria a ação que Deus lhe impunha, e consequentemente, a ação profética não dependia da iniciativa humana, mas somente da ação divina.

Assim, etimologicamente, nabi significaria chamado, convocado para uma missão concreta.

Então podemos entender que nabi é um ro’eh. É o caso de Amós, chamado de ro’eh (Am7.12). Ele é alguém que vê (lembre-se: esse é o significado de ro’eh), uma referência às suas visões (Am 7 9). Mas ele é um nabi, alguém que profetiza/proclama a Palavra de Deus (Am 7.15). Obadias teve uma visão (hazon) sobre Edom (Ob 1.1). Miquéias também é aquele que vê (Mq 1.1), e da mesma forma Naum (Na 1.1), Habacuque (1.1) e Isaías (Is 1.1).
Os profetas, portanto, foram anunciadores da Palavra de Deus, porque viram o desenrolar da história de uma maneira profunda. Eles souberam ler a história porque foram chamados pelo Deus da história. Profeta é o homem que vê para onde a história vai.

Ish ha-Elohim (Homem de Deus)

Um outro título profético é ish ha-Elohim homem de Deus. Este título refere-se a alguém que opera milagres mediante uma íntima relação com Javé (1Rs 17, 18; 13.1,11; 20.28; 2Rs 1.9-18; 4.7; Jz 13.6.8; 2Cr 25.7,9).15 Mas é bom notarmos que não é um título auto apregoado a si mesmo de forma triunfal. Era um reconhecimento que os outros faziam do profeta. O termo aparece 76 vezes no Antigo Testamento e quase na metade das vezes é aplicado a Eliseu. O ish Elohim é mostrado como uma pessoa de confiança de Deus e as pessoas veem isso na sua vida.

Beney ha-nebi’im (Filhos dos profetas)

Com Eliseu parece surgir na profecia a relação mestre-discípulo. Os Beney ha-nebi’im, filhos dos profetas, estão assentados diante de Eliseu (2Rs 4.38; 6.1; cf.2.15). Esses discípulos de profetas parecem viver temporariamente juntos: reúnem se num lugar modestamente mobiliado, tomam refeições em conjunto e talvez de distingam através de um sinal na cabeça (1Rs 20.41; 2Rs 2.23).

Distinguindo o verdadeiro do falso profeta

O verdadeiro profeta anunciava a ruína do poder estatal e religioso, devido ao detrimento moral e espiritual desses (Jr 7; 27-28; cf. 1Rs 22). Os verdadeiros profetas não estavam comprometidos com a política estatal, mas com a Palavra de Deus. Por isso, considerando o fato de que o Reino do sul (Judá) e o Reino do Norte (Israel) abandonaram os princípios do verdadeiro Deus, os profetas anunciaram sem reservas a destruição desses estados por inimigos, principalmente pela Assíria e Babilônia. Basta lermos os textos proféticos e perceberemos isso.
O verdadeiro profeta era a boca de Deus, e falava somente aquilo que  Deus ordenava (Dt. 18.18-20; cf. 1Rs 17.24; 22.28).
O verdadeiro profeta era avaliado por sua lealdade à Lei (Dt 13.2-6).

Fonte: Revista Theos . Revista de Reflexão Teológica da Faculdade Teológica Batista de Campina. Campinas: 5ª Edição, V.4 - Nº1 - Junho de 2008. ISSN: 1908-0215.
Dicionário VINE, O significado exegético e expositivo das palavras do antigo e novo testamento. W.E. VINE, Merril F. Unger 7° edição